Equilíbrios:
A vida é feita de equilíbrios. Para se ter algumas coisas na vida, temos de perder outras, porque não podemos ter tudo, a toda a hora e não podemos dizer que sim a coisas diferentes, desde que sejam opostas. Ás vezes somos parte passiva nesse processo de escolha, e quando a decisão é tomada só nos resta um de dois caminhos: Sentir-mos o que sentiu Vítor Baía, ou sentir o que sentiu Moreira (E isto foi a metáfora pseudo-futeboleira para aliviar este texto). Mas no primeiro caso, apetecia-me citar uma mítica actriz portuguesa já falecida: "Caio de pé, de pé como as árvores!". Se o segundo caso acontecer, é só o adiamento de uma situação onde surja o primeiro. O nosso erro é achar-mos que algo nos pertence, que algo é nosso, que temos ainda algum poder para influenciar um acontecimento só porque sim.
Nada nos pertence, e acabamos por, eventualmente, perder tudo aquilo a que tivemos a veleidade de chamar "nosso" por um instante. E quando perdemos esse "algo", ficam as recordações dos melhores momentos, como ficam as almas daqueles que já partiram, e que por vezes, no meio daquela imensa solidão de um metro em hora de ponta, sentimos que nos voltam para abraçar e para dizer que estão ali, mesmo só estando ali na nossa mente...
Essa ilusão recorrente - de que algo pode ser verdadeiramente nosso - morre com a idade, com a perda da inocência. É também por isso que o nosso sentir, a intensidade dos nossos sentimentos é um processo degenerativo ao longo do tempo. Chamemos-lhe, pois, defesa. E cada vez progredimos mais para pensarmos que nos temos de "defender", mesmo nos momentos que nos trazem mais ilusão...
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