Sentimentos:
Apesar de não-crente e até de "anti-clerical", no sentido em que não sigo em nada a Igreja e as suas posições, não posso deixar de afirmar que a morte de Karol Wojtlya me está a deixar profundamente perturbado. Para os crentes, ele terá sido um peregrino de Deus, para mim foi um peregrino da Liberdade. O seu papado, para além da libertação dos povos da Europa de Leste fica, entre outras coisas, ligado à libertação de Timor-Leste e o forte papel que a Igreja teve nessa libertação. Foi um Papa ecuménico, sendo disso prova cabal, as manifestações de pesar da Liga Árabe ou de líderes Ortodoxos e Judaicos. Foi um Papa muito para além do seu Papado. Foi alguém que guiou a Europa Ocidental no último quarto do século XX. Basta ver como o mundo estava em 1978 e como ele está para perceber que este Papa deixa um mundo melhor, e que também dependeu (em alguns casos de forma decisiva) dele essa melhoria das condições globais da sociedade. È verdade que se pode, nomeadamente na questão do uso de métodos anti-concepcionais, pôr em causa o papel do Vaticano e argumentar o número de vítimas que essa posição poderá ter causado. Este foi um Papado conservador em valores morais. Será positivo que o próximo Papado consiga demarcar-se deste nessas questões. Mas seria muito importante que, em outras questões fundamentais - como o diálogo inter-religioso - o novo Papado siga as orientações gerais deste. Apesar de não ser católico, de não me guiar pelas Leis de Roma, não posso deixar de considerar que o mundo está melhor depois deste Papado. Assim possa manter o balanço no final do próximo...
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