Lendas do Desporto - II:
Lance Armstrong - A carreira e a vida
Lance Armstrong...eu bem ando aqui às voltas para tentar encontrar palavras para começar este texto, mas o que dizer de um homem que passou por um cancro do qual os médicos esperavam uma taxa de sobrevivência na ordem dos 3% e que saiu da cama do hospital para entrar no Guiness como o homem que mais Tour ganhou na história do ciclismo de estrada?
Para mim, só existe uma prova que se pode comparar (em termos da atenção com que a acompanho) ao nosso campeonato nacional, e essa prova é mesmo o Tour. Já era assim antes de Lance (delirei no ano em que o malogrado Marco Pantani ganhou o Giro e o Tour com poucos meses de diferença), e ainda mais o foi quando este veio arrebatar tudo.
Para terem uma ideia do domínio (se vivem em Marte e nunca ouviram falar do domínio de Armstrong) deste senhor do ciclismo mundial, é de dizer que ele só enfrentou verdadeira concorrência em 2003 por parte de Joseba Beloki (que lhe podia mesmo tirar o Tour), mas a verdade é que este acabou por ter uma das quedas mais horríveis que eu já vi, perto de uma chegada a Gap, partindo-se (literalmente) todo quando ia a descer a alta velocidade o Col de La Rochette, numa imagem verdadeiramente brutal e em que Armstrong, se bem me lembro, escapou por um autêntico milagre a ir com ele parar ao chão. Por outro lado, muitas dúvidas se levantaram ao longo destes 7 anos quanto à "limpeza" destas vitórias todas. Mas a verdade é que Lance Armstrong é, de certeza absoluta, o ciclista mais controlado ao doping do mundo inteiro, tendo-o sido, por exemplo, 3 vezes nos últimos 5 dias de competição (hoje incluído) na prova deste ano.
Mas se 7 vitórias na volta a França (que é a prova mais exigente do mundo velocipédico) já são uma coisa do outro mundo, muito mais importante que isso é a vitória que Lance Armstrong teve sobre o cancro, quando em a 2 de Outubro de 1996 anunciou que lhe tinha sido diagnotiscado um cancro testicular com metatáses (pequenos "cancros", por assim dizer, que se espalham pelo corpo) na cabeça e nos pulmões, e que os médicos, como já disse, davam como muito grave, tendo dado uma taxa de hipóteses de sobrevivência na ordem dos 3% (de referir que disseram ao americano que "seria na ordem dos 50%", para não o desanimar). Por isso, tanto me liga a Lance Armstrong. Numa nota mais pessoal e transmíssivel a verdade é que cada vez que vejo Lance Armstrong a ganhar vejo a imagem do meu falecido Pai, que morreu de cancro. Também me ajuda a fazer o luto eterno por um Pai e me ajuda a lembrar-me dele. Por isso me emociono tanto com as vitórias do texano. Mas, mesmo que assim não fosse, estas frases finais continuariam a fazer todo o sentido:
Lance Armstrong.
O verdadeiro Campeão.
O verdadeiro Super-Homem.
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