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terça-feira, maio 13, 2008

O meu novo corte de cabelo.

Quem me conhece bem, sabe que eu sou um adepto do clássico, tão avesso à mudança que para mim, o prazo de validade de algo, não passa de uma mera indicação.

Ora, esta minha tendência sofreu hoje um enorme abalo. Confrontado com o meu deplorável cabelo, e sem tempo para atravessar a cidade (algo que há quase dois meses dizia que ia fazer) para o cortar no sítio do costume, decidi ir a uma "loja" da especialidade no centro comercial junto ao meu local de trabalho (Jean Louis David, no Vasco da Gama).

E que mundos tão diferentes!

Passo a explicar: no tal "sítio do costume", a que vou desde dos meus 6/7 anos, e onde iam o meu pai e o meu tio, corta-se à tesoura e são senhores de 70 anos, que têm como opção estar ali, ou estar em casa reformados. Passam por lá (em plena Baixa da cidade), os clientes do costume, os "amigos" ("ò Amigo Sousa!") e sempre que lá entro, perguntam-me pela família e esperam que eu lhe vá contando as coisas importantes que me acontecem. Conheciam o meu pai ("o sr. Leite Alves"), conhecem a minha mãe (ia-me pôr a mim há 20, e o meu irmão há 30 anos). Fala-se do Benfica e do Sporting, do PS e do PSD, das minhas sucessivas etapas (lembro de falar na entrada no secundário, da entrada da faculdade e ir lá na véspera da minha primeira entrevista de emprego) e dos familiares que ainda lá vão (o meu primo e o meu irmão, por exemplo).

É o que eu gosto, é expectável, não há surpresas.

Sento-me, perguntam-me sobre a vida e a família, e dá-se início ao corte e à conversa sobre as agruras do Glorioso. Passa-se pela política levemente, volta-se ao futebol e quando dou por isso, já está o serviço feito e posso ir à minha vida descansado e feliz.

Nem me preciso de preocupar se cortam mais à esquerda ou mais à direita, já que o corte é o mesmo há 40 anos (desde que o meu pai começou a lá ir) e saiu de moda há mais ou menos 39.

Ora, nesta loja não. Para já há logo uma simpática e produzida loiraça à porta para nos receber, com um sorriso daqueles que as mulheres sabem fazer, e para o qual, por motivos darwinistas, senhores de 70 anos não estão habilitados para o efeito.

Perguntou-me se estava de passagem e se era a primeira vez que ia ali e tal, e encaminhou-me lá para dentro para uma série interminável de lugares uns seguídos aos outros e esteve mais de dez minutos a dar-me explicações sobre o serviço e os cuidados de higiene que tinham ali. Mostrou-me um catalogo interminável de cortes de cabelos, que só desfolhei depois de fazer a escolha, e apresentou-me quem me ia cortar o cabelo. Falou-me das várias opções que tinha, dos vários serviços, a que eu, com certamente um ar muito espantado ia respondendo por meias palavras, tais como "Mmm...mmm", "sim, sim", "tudo bem" e "ok". Perguntou uma coisa que eu achei espantosa à colega: "este corte é aplicável ao cabelo do senhor?"

Pergunto-me eu, interiormente, por vergonha: "Há algum que não seja?!".

Começou então o corte, e eu perguntava-me "bom...agora, se calhar, não vou falar da iminente chegada de Sven Goran Eriksson ao comando técnico do Glorioso ou da desgraçada época que tivemos...fala-se de quê então?"

Depois de um dos silêncios mais desconfortáveis que tenho memória (ainda por cima a funcionária era surda-muda e mal se fazia compreender), ela toma a iniciativa de me dar conselhos (era perceptível o que ela "dizia") sobre o cabelo e o que devia fazer para o melhorar. A que eu respondi com mais uma dose de "Mmm...mmm", "sim, sim", "ok" e "tem razão".

Desde cremes, cortes e truques para não ter o cabelo tão seco, a impingir-me para comprar uns champôs XPTO que não aceitei, obviamente.

Depois de terminado o serviço, volto à loiraça para pagar e ela "então, ainda está só de passagem ou quer a ficha de cliente?" e eu lá acedi, e depois fui levado para uma série de truques de marteking da funcionária completamente fúteis (como comentar o meu signo quando soube o meu dia de anos para a ficha) e, ao fim de mais três ou quatro tentativas de impingir produtos, consegui pagar e vir-me embora.

Ou seja, o serviço é mais completo, é melhor, é mais moderno, mas o meu gosto pelo clássico leva-me a ficar tentado para ficar pelo mais simples, mais benfiquista, mais familiar, mais feio, mas que dá infinitamente menos trabalho e mais descanso!

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